terça-feira, 24 de novembro de 2015

URGENTE:Prefeitura utiliza recursos da previdência para outros fins



Atualmente, mais de 50 municípios do Estado do Piauí possuem previdência própria. Na prática, esse modelo, desvinculado ao Instituto Nacional do Seguro Social (INSS), permite que as prefeituras sejam responsáveis de forma direta pelo processo de aposentadoria dos servidores.

O principal argumento utilizado pelos gestores que defendem esse modelo de previdência é a economia proporcionada pela independência de gestão previdenciária. Mas o que era para ser uma solução para os problemas financeiros enfrentados pelos municípios, vem se tornando motivo de preocupação para gestores, e, principalmente, servidores municipais.

Por conta do baixo volume de recursos financeiros e da diminuição de repasses do governo federal, algumas prefeituras acabam utilizando recursos do fundo de previdência própria para quitar dívidas ou aplicar em outros setores do município.

O caso mais emblemático dessa realidade acontece no município de Campo Maior, localizado a 80 km de Teresina. O fundo de previdência do município enfrenta um déficit milionário. As contribuições, do município e dos servidores, deixaram de ser repassados ao fundo, mas o valor continua sendo descontado do salário dos servidores.

O sindicato dos servidores municipais acionou o Ministério Público, que após investigações, identificou um déficit de mais de R$ 5 milhões de reais no fundo de previdência de Campo Maior. O promotor de Justiça, Maurício Gomes de Souza, afirma que desde a criação do Campo Maior Prev, a prefeitura tem deixado de repassar as contribuições.

“O sindicato dos servidores tomou conhecimento dessa situação, e procurou o Ministério Público. Foi instaurado um inquérito civil, onde identificamos atrasos na contribuição que deveria ser repassada ao fundo de previdência”, relata.

O promotor de justiça alerta que a situação tem que ser regularizada o mais rápido possível, para evitar problemas aos servidores que precisem utilizar os benefícios previdenciários. “O regime de previdência própria é licito, mas precisa ser eficiente. Para isso, é necessário que haja um recolhimento das contribuições. Esse déficit coloca em risco o envelhecimento digno de centenas de pessoas que trabalham e contribuem mensalmente”, alerta.

O prefeito de Campo Maior, Paulo Martins (PT), justifica o déficit previdenciário no município. Segundo ele, os recursos descontados na folha estariam sendo empregados no pagamento de dívidas herdadas da gestão anterior. “Assumimos o município com uma dívida de mais de 30 milhões de reais”, justifica.

Ainda de acordo com o prefeito, a intenção é que o déficit no fundo previdência do município seja solucionado até o final de 2016. “Encaminhamos para a câmara municipal um projeto de lei para parcelar esse déficit no fundo previdenciário, que vai ser pago até o fim do próximo ano”, afirma.

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